Quanto rancor se guarda em uma alma antes que ela exploda, suma e lhe faça esquecer do autocontrole?
Quantas frustrações, destemperos, decepções, feridas, angústias e raivas conseguem ser contidas antes que a razão resolva fazer greve, a consciência tirar férias, o bom senso lavar as mãos e os apegos sociais sejam jogados num canto escuro do superego que, por sua vez, resolve não mais tentar impedir o inevitável?
Quando chega o momento em que tudo entra em colapso, seu sistema torna-se catártico e você é comandado por nada menos que instintos. Neste instante, tua raiva passa a ser contra tudo e todos, e eles viram seus inimigos, rivais ou os grandes responsáveis pela atual situação.
Odeia tudo, todos, principalmente os que querem te ajudar. Porque não quer ser ajudado, teu Eu desistiu e você quer segui-lo com a fidelidade de um apóstolo e a fibra de um maratonista.
Isso tudo exceto por uma pessoa, que quando vê, ouve a voz ou simplesmente lhe chega o nome aos ouvidos, torna tudo melhor, completo, com algum propósito. Mesmo lhe vindo à cabeça que essa pessoa é a responsável por pela tua atual condição, que poderia ter feito diferente e não se frustrado tanto, ferido tanto, mudado tanto. Mas que independente disso, mantém-se convicto de que faria tudo novamente, e novamente e novamente. Sempre com a intenção de mudar algumas coisas, para que no fim o que não deu certo funcionasse e o que fossem frustrações se convertessem em sorrisos.