domingo, 25 de julho de 2010

Rancor

Quanto rancor se guarda em uma alma antes que ela exploda, suma e lhe faça esquecer do autocontrole?

Quantas frustrações, destemperos, decepções, feridas, angústias e raivas conseguem ser contidas antes que a razão resolva fazer greve, a consciência tirar férias, o bom senso lavar as mãos e os apegos sociais sejam jogados num canto escuro do superego que, por sua vez, resolve não mais tentar impedir o inevitável?

Quando chega o momento em que tudo entra em colapso, seu sistema torna-se catártico e você é comandado por nada menos que instintos. Neste instante, tua raiva passa a ser contra tudo e todos, e eles viram seus inimigos, rivais ou os grandes responsáveis pela atual situação.

Odeia tudo, todos, principalmente os que querem te ajudar. Porque não quer ser ajudado, teu Eu desistiu e você quer segui-lo com a fidelidade de um apóstolo e a fibra de um maratonista.

Isso tudo exceto por uma pessoa, que quando vê, ouve a voz ou simplesmente lhe chega o nome aos ouvidos, torna tudo melhor, completo, com algum propósito. Mesmo lhe vindo à cabeça que essa pessoa é a responsável por pela tua atual condição, que poderia ter feito diferente e não se frustrado tanto, ferido tanto, mudado tanto. Mas que independente disso, mantém-se convicto de que faria tudo novamente, e novamente e novamente. Sempre com a intenção de mudar algumas coisas, para que no fim o que não deu certo funcionasse e o que fossem frustrações se convertessem em sorrisos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Espelho

É a raiva de minha própria imagem o que me consome nesse momento. A dor de lembrar o que fui e compreender o que agora sou, de imaginar o quanto mudei, o quanto morri e entender o pedaço de mim que falta.

Tudo isso porque falhei a falha dos fracos, dos enfeitiçados, dos emudecidos, dos enganados, dos substituídos, dos abandonados.

Falha que não me tirou uma certeza, já que foi responsabilidade minha e estava prevista que cedo ou tarde aconteceria. Certeza essa que agarro com unhas e dentes e na qual vou persistir até o fim da minha vida.

O que me dá a convicção de que cometeria esse erro em todas as vezes que fossem possíveis. Porque ele me fez diferente, mas também me fez melhor.

No entanto, queria novamente receber a dádiva de não me importar tanto, como sempre foi parte de mim. Pois sem ela, tudo relacionado me atinge, afeta e machuca. Como também me obriga a abdicar de coisas que nunca abriria mão, já que não faria parte delas.

Queria ter paz para preencher por algum tempo – e me sentir melhor – no vazio que pertence a você.